02. 03.

Keine Ahnung was ich hier mache, trotzdem bin ich hier...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Trauma Literário

Numa era tão visual como a nossa não é estranho que os jovens abandonem os hábitos da leitura e visitas às bibliotecas, antes pontos d’encontros. Algo demorado, aparentemente chato e sem uma explicação suficientemente convincente não é agradável aos olhos dos filhos da era digital.Mesmo que a juventude seja culpada pelo desaparecimento da leitura, não foi ela a maior culpada. O verdadeiro provocador desse efeito “antiliterárico” é a própria literatura nacional cobrada nas escolas, a qual não acompanha o desenvolvimento da sociedade atual, haja vista que no século XXI os alunos ainda são obrigados a ler obras do século XVI. A justificativa das escolas para tais cobranças é a uso desses títulos no vestibular, o que deixa o problema ainda mais extenso e complicado de ser solucionado.

O ato de obrigar alunos de 15 ou 16 anos a lerem títulos como “A Cidade E As Serras” é, analisando o contexto, desumano, além de contribuir consideravelmente para que estes alunos sejam no futuro abominadores da literatura tornando-se mais um cidadão o qual diz-se odiar ler. A Cidade E As Serras, para quem não conhece, é uma obra do Eça de Queiroz, escritor o qual sequer é brasileiro e sal livro é considerado dos piores de literatura lusitana, como alguém conseguiria explicar a permanência dessa inutilidade entre nosso acervo obrigatória para ingressar na universidade?Impressionante também é obrigar pessoas normais, ou que possuem cabeças mais lógicas e imaginação limitada, interpretar o poema abaixo:

“Pouco me importa...
Pouco te importa o quê?
Não sei, pouco me importa.”

Num mundo no qual pregam-se, mais do que nunca, a diversidade, o livre arbítrio e a liberdade d’expressão obrigar um pobre aluno a interpretar tais idiotices é até um sacrilégio. É importante respeitar a quem gosta, e realmente existem pessoas que gostam, entretanto são pouquíssimas perto de multidão que odeia esses títulos, portanto, se tu gostas, sejas feliz e vás ler Sagarana, não tem coisa mais insuportável do que ter de ler informação inútil simplesmente porque alguns anormais acham que faz bem obrigar alguém a perder seu tempo.

A leitura, assim como a música, a religião, o sexo e o futebol, não deveria ser discutida, apenas respeitada. O gosto pela leitura não vem pelo caminho da imposição, mas sim através do gosto pelo que está sendo lido. Eça de Queiroz que me perdoe, mas A Cidade E As Serras é uma imensa merda literária.

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