02. 03.

Keine Ahnung was ich hier mache, trotzdem bin ich hier...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Proibido Para Menores

O português é um idioma conhecido por suas variadas expressões para falar sobre um mesmo objeto ou situação, especialmente o português falado em Brasil. Mais intrigante que o português brasileiro, são suas musicas infantis, as quais muitas são utilizadas nas brincadeiras de roda infantis. Algumas dessas músicas vieram das antigas cantigas portuguesas, algumas trazidas d’África junto aos escravos e outras surgidas durante a escravidão nas senzalas no Brasil.

Grade parte dessa cultura não conseguiu atravessar a chegada da era digital e perderam-se no tempo, outras ressurgem de tempos em tempos com uma nova roupagem e outras foram sendo criadas pelas crianças em seu cotidianos. Outro dia, passando a frente duma escola infantil, observei algumas crianças pulando corda e cantando. Permaneci alí a olhar durante um tempo até parar para analisar o que estava sendo cantado por elas, a letra dizia o seguinte:


“Plantei uma semente em meu quintal;
Nasceu uma “negrinha” de avental...
- Dance “negrinha”, dance “negrinha”....
- Mas eu não sei dançar...
- Pego o meu chicote e você dança já.”


Tal absurdo estava a ser cantado, inocentemente, pelas crianças durante uma brincadeira. A letra dessa música guarda incalculáveis mensagens, as quais variam desde agressão a racismo, mas a interpretação vai muito além disso, psicologicamente, a música narra, duma forma implícita, uma história duma negra, a qual acabara de sair duma semente plantada no quintal, ou seja, trata-se duma criança negra e escreva, haja vista que já nascera de avental, predestinada ao trabalho escravo. A “dança” da história nada mais é que o sexo, ou seja, a música narra um típico caso d’estupro na senzala duma menina negra por seu senhor.

Uma outra música, também famosa no meio infantojuvenil, a análise foi preocupante:


“Um homem bateu em minha porta e eu abri;
- Senhoras e senhores, ponham as mãos no chão;
- Senhoras e Senhores, pulem “num” pé só;
- Senhoras e senhores, deem uma “rodadinha”;
- E “vá” “pro” olho da rua!”


Inicialmente observamos que é uma letra construída com o intuito de propor desafios ao ato de pular corda, entretanto, se a letra for melhor analisada fica fácil perceber que trata-se dum assalto a uma residência. Um homem, não identificado na música, bate a sua porta e ao abri-la o refrão é cantado com uma voz mais ameaçadora mandando todos colocarem suas mãos no chão, pularem com um pé só, dar uma volta e, sem mais explicações, manda todos para a rua.

E tem gente que ainda pergunta donde vem tanta violência na sociedade brasileira. Temos até um trocadilho, o qual nos ensina a ganhar a vida no país da bunda desde crianças: “Ordem e Progresso, tire as calças e “faz” sucesso”. Desde crianças somos ensinados que mostrar a bunda faz sucesso, e quer saber? No Brasil faz mesmo. Isso é nossa nação sendo moldada pelos ouvidos das massas.

Eu, num protesto solitário, tapo os meus ouvidos...

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